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Luiza Jablinski (nascida Capozzi) *12.01.1902 +21.01.1975

 


Luiza Jablinski aos 50 anos

 

Luiza foi a segunda filha dos italianos Ernesto Capozzi e Agnesa (Inês) Siggia. Ela nasceu dia 12 de janeiro de 1902 em Taquaritinga-SP. Bom, naquela época ainda era Ribeirãozinho. Provavelmente na "Fazenda Grama" como seus irmãos José, Thomas e Alfredo I.

Luiza recebeu o nome de sua avó materna, conhecida no Brasil como Luiza. Na verdade Calógera Siggia nascida Cosentino .... mas quem conseguia ou consegue pronunciar esse nome? Esse era um costume italiano, homenagear os avós. Assim, Antônio tem o nome do "avô" paterno Antônio Drammis, José o nome do avô materno Giuseppe Siggia, Thomas o nome do outro avô paterno Thomas Capozzi. Não imagino quem seja a homenageada no caso de Amélia.

Na fazenda seu pai era marceneiro, profissional que na época era conhecido como artista. Sua mãe era dona de casa. Luiza era de uma família que seria muito grande, cheia de crianças ....

 


Luiza com os irmãos Antônio (cima), Thomas e Albino e José (baixo)
Provavelmente no ano de 1910/1911 na "Fazenda Grama.
Foto do Stúdio De Cenzo, de Ribeirão Preto. Na época os fotógrafos viajavam com seus apetrechos buscando clientes.

 

Depois de 1915 e já com 9 filhos, a família mudou para a cidade de São Paulo, onde nasceram outros tantos irmãos.
Dez anos depois minha avó Luiza casaria com o alemão Willi Jablinski.
Willi Jablinski nasceu em Thorn na Prússia, atualmente Tórun na Polônia, dia 16 de março de 1895. De Thorn a família de Willi mudou para Berlim nos últimos anos do séc. XIX. Willi participou da I Guerra Mundial, de março de 1915 a abril de 1918, no 88º Regimento de Infantaria de Mainz. Deu baixa poucos meses antes do final da guerra, com um grave ferimento por estilhaço de granada num dos olhos. Ele perdeu esse olho. Willi participou, entre outras, das batalhas de Verdun, Aisne e Somme.
A guerra terminou em dezembro de 1918. Os gastos com a guerra, o pagamento das indenizações devidas, a inflação, a falta de produtos, o grande número de ex-soldados desempregados, fez com que Willi buscasse um emprego fora de seu país. Dia 05 de maio de 1920 ele embarcava em Amsterdam no navio Gelria com destino ao Rio de Janeiro, dia 25 chegava ao seu destino. Ele veio contratado para trabalhar na Firma Schädlich & Co, proprietária da "Casa Allemã", no Rio de Janeiro, na rua da Carioca 27/29. Além do Rio de Janeiro, Willi trabalhou em outras sedes da empresa, Santos e São Paulo.

 


Oficina da "Casa Allemã", Rua Quirino de Andrade, São Paulo.
Foto de veja.abril.com.br/blog.

 

A loja da "Casa Allemã" era na rua Direita. Como meu avô era marceneiro, acredito que trabalhava nas oficinas.

 


Atualmente, no lugar das oficinas da "Casa Allemã" foi construído o edifício Brasilar.

 

Não sei como meus avós se conheceram, mas acredito que tenha a ver com a marcenaria ou com um passeio no centro da cidade.
Dia 14 de fevereiro de 1925, Luiza Capozzi e Willi Jablinski casaram no Cartório da Móoca. Provavelmente não casaram em igreja, porque professavam religiões diferentes, ele luterano e ela católica. O casal foi morar no Rio de Janeiro. Em novembro de 1925 nasceu a filha Ruth Apparecida, em setembro de 1927 nasceu o segundo filho Rubens. Por ocasião do nascimento de Rubens a família morava no bairro Botafogo, na rua Mundo Novo.

 


Ruth Apparecida, Luiza Capozzi e a cunhada Meta Jablinski, 1934.

 

Antes de 1930, Willi estava com o "Atelier Copacabana" na rua Barão de Ipanema, onde além da oficina de móveis trabalhava com artigos de decoração.

 


 

Daí a oficina e loja mudou para a av. N. Sra. de Copacabana. No final dos anos 1930 a família foi morar na rua Dias da Rocha.

 


Rua Dias da Rocha. (A última casa era a de Luiza)

 

Willi faleceu vítima de um AVC no dia 24 de janeiro de 1943, foi declarante o cunhado Thomas Capozzi. Luiza Capozzi mais o filho Rubens, com a ajuda de alguns irmãos de Luiza, continuaram na agora fábrica de "Móveis Jablinski", em novo endereço, na rua Figueiredo Magalhães.

 


 

A família deixou a casa na rua Dias da Rocha após o casamento da filha Ruth, com quem Luiza morou até início dos anos 1970. Em 1971 Luiza foi morar sozinha na rua Djalma Ulrich. Ela foi uma das primeiras pessoas da família Capozzi a visitar Scandale, junto com o irmão Albino e a cunhada Angelina, em meados dos anos 1960. Dessa viagem ela trouxe a surpreendente história do penico de ouro ! Lenda ou realidade ?

Ela era uma avó diferente. Não tenho memórias gustativas ou olfativas dela ou de sua cozinha. Gostava de ser carioca e detestava que falássemos como paulistas, era fôme e não fóme, trocador e não cobrador, barraca e não guarda-sol, .... Meninas usavam saia curta, caso contrário era maria-mijona, quem tem uma avó dessas ? Era très très chic, sempre falava que as netas deveriam fazer cursos na Socila ! Alguém sabe o que é isso ? Eu sei .... mas não fomos ... Luiza faleceu vítima de um cancer renal, dia 21 de janeiro de 1975, no Rio de Janeiro.

 


Jornal O Globo, de 25 de janeiro de 1975.

 





Depoimento de Ana Luiza Castelhano